segunda-feira, 16 de julho de 2012

Baronesa do crime


Você teria alguma dica para quem quisesse escrever esse tipo de literatura?
 P. D. J. - [Risos] é uma pergunta que sempre me fazem. Primeiro de tudo: leia tudo o que puder. E eles geralmente não precisam desse conselho, porque se você não lê muito, eu não acho que você vá ser um escritor. E veja como outras pessoas escrevem bem. E perceba que não é preciso escrever palavras longas e pouco comuns. Certamente se você escreve em inglês – que, fora de preconceitos, eu considero a língua mais rica do mundo, e uma das mais bonitas, entre outras. Nós lidamos com palavras, e por isso nós precisamos aumentar nosso conhecimento sobre elas. E então eu diria: escreva! Você se torna um escritor, escrevendo, não pensando em tramas e planos, mas escrevendo. E, se você é um iniciante, não importa onde você puder ser publicado, apenas tente fazer o seu melhor na hora de escrever. Seja aberto para qualquer tipo de experiência. Nada o que acontece para um escritor é um desperdício. E você tem que ter algum contato com outras pessoas. Escritores não podem ser solitários, eles têm que estar lá fora, no mundo. Tenha compaixão pela vida. E quando eu digo pratique sempre, eu quero dizer que quando você vê um rosto, um rosto interessante, tente descrevê-lo de um jeito original. Tente descrever um pôr-do-sol de uma maneira original. Nós todos já vimos um lindo pôr-do-sol. Tente descrevê-lo e você vai perceber que é bastante difícil. Procure algo não exatamente estranho, mas novo, e cheio de frescor. E mantenha os olhos abertos para receber novas impressões. Acho que é isso. Eu passo essas dicas de graça [ri].
Phyllis Dorothy James, ou apenas P. D. James, talvez seja a maior escritora de histórias de detetives viva. Uma das maiores do gênero, que ela conhece tão bem, em todos os tempos. Sua escrita é de uma elegância incrível. E ela, apesar da idade extremamente avançada, consegue captar bem o nosso tempo atual. Claro que os romance de detetives são presos a uma fórmula, ou, ao menos, a um único assunto: a morte de um personagem e a investigação sobre quem é o assassino. Mas "dizer que não se pode criar um bom romance dentro da disciplina de uma estrutura formal é tão bobo quanto dizer que nenhum soneto pode ser boa poesia, uma vez que o soneto está restrito a catorze versos e a uma estrita sequência de rimas", como ela argumenta.

De toda forma, em seu último romance com o Adam Dalgliesh, ela fala sobre os limites do plágio e faz uma jogada metalinguística, que é uma das chaves para resolver o mistério. E, no seu último-último, ela faz uma fanfic [mesmo que ela não saiba o que é isso] do romance mais famoso da Jane Austen, "Pride and Prejudice". Como ela mesmo escreve no "Segredos do romance policial", "esse reflexo da moral social contemporânea viria a se tornar um dos traços mais interessantes da história de detetive". 

Para ler a entrevista que eu fiz com essa senhora mais que simpática, e que foi publicada nO Globo, clique aqui.

Nenhum comentário: