domingo, 15 de julho de 2012

Geografia literária britânica

Quando eu perguntei ao escritor – galês – Cynan Jones, um dos 20 escolhidos pela revista Granta para mostrar um pouco de um de seus trabalhos que discuta a identidade britânica nos tempos atuais, qual era a importância da geografia das ilhas britânicas para a literatura daqui, ele me respondeu que a Bretanha era formada de quatro nações, sendo três celtas e apenas uma inglesa. “As nações celtas estão na Bretanha há um tempo significativamente mais longo do que o que veio a se transformar no 'inglês'”.

Já quando eu perguntei para o também escritor dessa mesma Granta Adam Foulds se a literatura era a mais forte das artes britânicas, ele foi o único que me deu uma resposta que eu esperava [os demais disseram que, desde o século XX, a música pop é muito mais importante]:

The short answer to this question is Shakespeare. The greatest writer who ever lived was English. It would have taken several Michaelangelos or Beethovens for British art or music to be equally significant. Of course, English literature has produced very many wonderful writers who are known around the world. I think this has to do in part with the nature of the English language. English has Germanic and Romance language elements and borrowings from many other languages. There are always several ways to say things in English, all with subtly different tones and colours. The language invites you to be brilliant and inventive. James Joyce was a phenomenon of the English language. Also the weather isn't great - it promotes inwardness - and there's a tradition of privacy and eccentricity, all of which helps produce writers.
Mas essas respostas chegaram tarde demais. Tanto é que eu comecei a reportagem sobre o passeio pela "geografia sentimental" das ilhas britânicas, por meio da literatura produzida aqui no arquipélago, exatamente tentando justificar esse meu sentimento assim:
A Abadia de Westminster é o palco principal dos ritos e costumes da Inglaterra. A construção, que tem mais de mil anos, serve de cenário para coroação de reis e rainhas desde 1066. É lá que estão, também, lápides e túmulos de vários dos homens e mulheres mais importantes da História do país: nobres, políticos, cientistas. Nenhum deles, entretanto, recebe a distinção dos poetas, que têm um canto consagrado só a eles. Talvez essa reverência demonstre a posição da literatura entre os ingleses.
Para ler o restante da reportagem, que foi publicada na capa do "Prosa" desse sábado, e ver imagens de alguns manuscritos incríveis, como o de "O médico e o monstro", clique aqui.

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